Mudanças climáticas e seus impactos nos desastres naturais e nas ações de defesa civil
Por Maria Cristina Maciel Lourenço
O Brasil, devido a sua grande extensão territorial, possui uma diversidade de climas que caracterizam as cinco regiões do País. Cada região, em função de sua localização geográfica, está sujeita a sistemas meteorológicos distintos que, por vezes, provocam eventos extremos. Esses eventos meteorológicos extremos, associados à vulnerabilidade do local onde ocorrem, são a causa da grande maioria dos desastres naturais registrados no Brasil.
Isso pode ser constatado nos processos de Situação de Emergência (SE) ou Estado de Calamidade Pública (ECP) reconhecidos pela União entre 2003 e 2006, onde 98% dos desastres naturais estavam relacionados com eventos meteorológicos (veja gráfico).
Muitas vezes o desastre natural se torna uma grande ameaça para a área afetada, podendo afetar os serviços básicos da região, como a escassez de alimentos e falta de água potável, acarretando perdas de vidas humanas.
Além de afetar a segurança global da população, estes desastres impactam diretamente na economia da região afetada, pois podem provocar danos e prejuízos de elevada monta.
Em função desse histórico, as divulgações dos relatórios feitos pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente, através do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), sobre o aquecimento global, causou forte impacto na área de Defesa Civil.
Estes relatórios contêm dados alarmantes em relação à responsabilidade da ação do homem pelo aquecimento global e prevê um cenário de catástrofe ambiental, se medidas urgentes não forem adotadas, pois há indicativos que o aquecimento global deverá continuar ocorrendo pelo menos nos próximos 100 anos, favorecendo ainda mais as mudanças climáticas. Os cenários previstos pelos pesquisadores mostram secas e eventos extremos de chuva em várias regiões do planeta.
O Brasil já é vulnerável a estas mudanças e talvez já tenhamos sentido um exemplo disso: o fenômeno “Catarina”, que após vários estudos chegou-se à conclusão que foi o primeiro furacão a formar-se sobre o Atlântico Sul. Tal fenômeno causou destruição no Sul do Brasil, além de provocar danos e prejuízos, ceifou vidas humanas.
E, com os cenários previstos pelo último Relatório Intergovernamental dos Impactos das Mudanças Climáticas, o Brasil torna-se ainda mais vulnerável, pois o principal impacto esperado é o aumento na freqüência e/ou intensidade dos eventos meteorológicos extremos, como por exemplo, ondas de calor, tempestades mais severas, secas prolongadas etc. Se este cenário se confirmar, teremos por conseqüência uma intensificação e um aumento nos desastres naturais no Brasil.
Outra constatação feita pelos pesquisadores do IPCC é que as populações mais afetadas pelas mudanças climáticas serão as mais pobres, mas com certeza não serão os únicos, pois além dos mais pobres, os menos preparados também serão bastante afetados pelos desastres causados por estas mudanças.
Nesse contexto, a adaptação das ações de Defesa Civil se tornam prementes, pois o papel da Defesa Civil se faz fundamental no enfrentamento e minimização dos desastres naturais agravados pelas mudanças climáticas, quer queira através de sistemas de alertas preventivos de fenômenos meteorológicos extremos ou através da capacitação dos agentes de Defesa Civil sobre os riscos dos desastres naturais frente a estas mudanças.
Outro desafio que o Sistema Nacional de Defesa Civil tem pela frente é de conscientizar seus integrantes e a população em geral quanto à mudança de comportamento no uso e preservação dos recursos naturais, contribuindo com isso para minimizar os efeitos das Mudanças Climáticas.
Fonte: Informativo Defesa Civil – n° 1 – 2007
*Grifo nosso.
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